sexta-feira, 14 de março de 2008

Crônica - Leia meu texto, por favor. Muito obrigado.

Por Daniel Leonardo

Na estação do metrô, a caminho da faculdade, alguém esbarra em mim. Meus livros caem – e não eram poucos – esparramando-se ao chão. A princípio, pela quantidade exagerada que eu carregava, cheguei a acreditar que alguém pudesse me socorrer. Arrebanhá-los com um dos joelhos no chão acomodando-os num braço só, fora um sufoco!
Sei que o metrô é muito rápido, que todo mundo corre muito, que um minuto é muito precioso, mas... até cri que eu pudesse ser ajudado. Foi um tal de acomoda um e outro cai novamente, sem fim! O trem foi e eu fiquei: põe aqui...cai ali.
Decepcionante! Dei com os burros n’água. Não houve gentileza alguma. Ainda tirando o pó das ferragens dos trilhos que cobriram os livros, perguntei a mim mesmo: “Se a população mundial fosse de 6,6 bilhões de mim mesmo, o mundo seria melhor ou pior?” Particularmente, eu não teria perdido o trem caso eu tivesse parado para ajudar o necessitado. Nem ele teria perdido também.
Cruzando diariamente com milhares de pessoas notei que a preocupação, a correria, o vai e vem rotineiro, a responsabilidade, a luta pela sobrevivência, distanciam-nas dos princípios do cristianismo, da boa educação, das regras de cortesia e de bem viver, deixando-as distantes de um mundo generoso e prestativo que, com certeza, todo ser humano deveria ter como atributo e ensinar desde o berço.
Há conclusões muito empíricas que conheço: “Sou bom, generoso e gentil; é o suficiente para conquistar um espaço no céu” Em realidade, esses adjetivos são obrigatórios no cristão e estão muito aquém de um simples passaporte para a eternidade. Quando ouço que somos feitos a imagem e semelhança de Deus, logo visualizo a imagem de um homem sóbrio, mas generoso, gentil e especial acima de tudo. Quando leio que somos embaixadores de Cristo, logo me vem também a imagem de uma pessoa importante representando diplomaticamente outra mais importante ainda: Jesus. E, sendo embaixadores d’Ele, temos de fazer jus a esse título. Somos importantes e é o nosso dever representá-l’O muito bem aqui na terra.
“Com licença”, “por favor”, “obrigado”, “vou dar-lhe uma mão”, “precisa de ajuda?”, são expressões que calam fundo e deveriam ser muito mais usadas no dia a dia. Muito úteis e necessárias ao crescimento humano.
Ser prestativo, generoso, fraterno, atencioso, faz parte de pessoas civilizadas pelo que me foi ensinado e pelo que pratico. Um segundo a menos para você, é retornado em compensações gigantescas a seu favor, pode crer.
Abaixe e pegue objetos caídos ao chão. Abra uma porta para alguém passar. Dê “Bom dia!” Até os estranhos sorriem com um “Bom dia”. São detalhes muito importantes. “Perdoe-me”. Ah, que verbo maravilhoso! Mesmo num esbarrão... “Perdoe-me, por favor”. Que maravilha!
6,6 bilhões de Daniel? Não. As individualidades é que fazem o progresso de uma Nação. Mas, fico muito feliz em ter a certeza que eu sempre me abaixarei para ajudar a colocar os livros nos braços daquele que os deixou cair. Sou grato a Deus por isso.